Sabeis quando o céu está castanho-acinzentado e as nuvens escorregam pelo horizonte com uma sensação recorrente de ameaça. Há no ar uma sombra latente de perigo. Fulgurantes são as vozes que recorrem ao infinito dos seus corpos invisíveis para gritar tudo aquilo que são. Diluída cadência dos dias na cronologia global do tempo. Sincopados batimentos que me activam os sistemas pela sua ambivalência contextual.
Boa noite amigos cardíacos. A vós que o sangue é mais espesso nas veias, aqueles que respiram o ar mais duro, que soletram aquilo que os outros não vêem, que dormem nas entrelinhas, que tocam no contratempo e uma oitava acima, perante vós faço um cumprimento em vénia, bato os pés e guardo a navalha atrás das costas.
Vinde jantar e comeremos sem vacilar. Nas orgias múltiplas da incorrecção. Garanto, sem vergonha, que as nossas mãos estão unidas, sem preconceito de partilhar a intimidade que é conhecer o insólito, viver com ele e sentir algum prazer nisso.
Salve todos aqueles que amam.
Salve todos aqueles que vêem.
Salve todos aqueles para quem o mundo não é azul e não pintam o oceano de verde.
Salve a todos os que têm insónias. Meus sonhos e pesadelos estão aí convosco.
Salve aos que se sentem confusos perante tamanha lucidez.
Salve aos tolos que persistem em uivar à Lua.
Salve aqueles que gostam de tiramisú com frutos do bosque.
Assim amarei e serei amado.
Assim viverei e serei vivido.
- Mãe o que é o amor? - O amor é como o mar, grande e profundo, às vezes cristalino, outras vezes turvo. - Mãe, quanto amor cabe num copo de água? - Filho, o amor não cabe num copo. Tal como o mar ele não serve para beber, mas sim mergulhar. - Mãe, vamos até à praia que eu quero amar! Algo que escrevi faz uns anos...
Comentários
Quer dizer que não depositas confiança naquele que te dá o pão ou de beber ou ainda o sorriso que aparenta o sincero? se assim é... és cá dos meus!
Mas eu confio em ti e lanço a navalha para bem longe.