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Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2011

log entry: estetoscópios

Imaginem-me sentado na soleira de uma montra de uma loja fora do horário de expediente, quando surge um grupo de rapazolas novos que em notório entusiasmo comentam os artigos em expressões rotundas como, olha aquele que espectacular, aquele é lindo pá!, eu comprei o quinto a contar da esquerda, tás a ver? E eu, curioso, porque não tinha reparado o que vendia a loja, olhei para trás, sobre o ombro e, pasme-se: estetoscópios! Comprei o quinto da esquerda? Aquele é lindo e espectacular pá? Mas não são carros. Não são telemóveis. Não são televisões. O que fazem três moçoilos novos, de olhos a brilhar, a cavacar sobre estetoscópios às duas da madrugada? O meu leque de amigos - bem escasso diga-se, pois parece-se mais um abanador de brincar que um leque valenciano – é bastante eclético e nunca, mas nunca, assisti a uma conversa do género. E nem quero. Caraças, os meus amigos às duas da manhã são muito machos! Mas aqueles não estavam a brincar, estavam mesmo vidrados com a espectacularida

log entry: de onde vêm o dinheiro?

As pessoas têm uma relação estranha com o dinheiro. Tudo gira à volta do pilim. Ele é preciso para pôr na mesa a comidinha, para comprar roupinha pró menino, para pagar a prestação da casa e do carro e da televisão e da assinatura da tv cabo e o lar dos avós. A malta recebe ao fim do mês, o tal salário, que é o resultado do trabalho traduzido num número no extracto em papel, mas não sabem de onde vem. Sabem que, se quiserem, podem ir ao banco levantar tudo, e que as notas que recolhem foram impressas e agrupadas em molhinhos com elástico por ordem de valor, como se vê nas malas dos bandidos nos filmes. Mas de onde vem o guito, a cheta, a massa, o chavo, o caroço, os cobres, a pataca, o vintém, o tostão, a pasta, o pilim, o cacau, o papel, o carcanhol, o arame? Quem inventou a coisa? Eu percebo que é mais fácil do que andar com os bolsos cheios de batatas para trocar por tabaco na esquina. Até porque ao preço a que o maço está, tinham de andar com troleis de batata e sacos delas a tir