Sabeis quando o céu está castanho-acinzentado e as nuvens escorregam pelo horizonte com uma sensação recorrente de ameaça. Há no ar uma sombra latente de perigo. Fulgurantes são as vozes que recorrem ao infinito dos seus corpos invisíveis para gritar tudo aquilo que são. Diluída cadência dos dias na cronologia global do tempo. Sincopados batimentos que me activam os sistemas pela sua ambivalência contextual. Boa noite amigos cardíacos. A vós que o sangue é mais espesso nas veias, aqueles que respiram o ar mais duro, que soletram aquilo que os outros não vêem, que dormem nas entrelinhas, que tocam no contratempo e uma oitava acima, perante vós faço um cumprimento em vénia, bato os pés e guardo a navalha atrás das costas. Vinde jantar e comeremos sem vacilar. Nas orgias múltiplas da incorrecção. Garanto, sem vergonha, que as nossas mãos estão unidas, sem preconceito de partilhar a intimidade que é conhecer o insólito, viver com ele e sentir algum prazer nisso. Salve todos aqueles que ama...