Diz-se que a esperança é a ultima a morrer. Agora sabe-se que a esperança morreu por estes dias. Deu na televisão antes de um jogo de futebol. Era já pouca, comedida, medida, porcionada e apenas utilizada por não haver alternativa, como uso de recurso. A esperança é o paliativo dos Portugueses. Verdade seja dita que, por eterna e incontornável má fortuna, este povo dela e com ela sempre viveu. É uma espécie de valor idiossincrático, precioso e utilizado em permanência. Vidas em dependência permanente deste último recurso imaterial que, ao não alimentar, sossega o espírito. É curiosamente um tipo de esperança na qual não é possível acreditar verdadeiramente, mas tê-la é bem melhor do que não ter. É coisa que apazigua a dor mas que não cura a maleita. Desde sempre, ou pelo menos desde que me lembro e do que me contam, me pareceu uma espécie rara de esperança. Uma esperança sem esperança dentro, como uma matrioska ao contrário. A nossa é ela própria hipotecada pelas condições fatídica...