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log entry: chuva no laranjal

Deslizo da cama sem te acordar
É cedo
A primeira luz preenche o quarto
Matinal
Água fria no rosto
Visto uma gabardina sobre o pijama
E duas galochas nos pés
Saio silenciosamente para o laranjal
Um arrepio faz-me sorrir
Levo um balde e apanho-as à chuva
Pássaros cumprimentam-me
Retribuo sem os ver

Apanho laranjas para ti
Na primeira manhã
De tantas outras manhãs
Cheiro cada uma antes de as deitar
Cheiram a terra
Cheiram a chuva
Cheiram a céu
Cheiram a memórias de infância
E a café de cafeteira

Volto para dentro
Sinto o peso delas no balde
Volto a sorrir
Espremo-as com carinho
Espirro
Acho que te acordei
Ainda não sei como gostas do café

Comentários

pin gente disse…
senti-te sair
foi o teu deslizar que me despertou
não pedi que voltasses
sei que o farias
pedi ajuda à chuva
e sorri
entre os nossos lençóis
fingi-me adormecida
abraçada à noite que se fazia dia
abraçada ao calor que deixaste para trás
abraçada ainda ao teu corpo que foi meu
pedi ajuda à chuva
e sorri
entre os nossos lençóis
ouvi-te lavar o rosto
ouvi-te abrir o armário onde guardas as galochas
ouvi-te calçá-las
imaginei-te até a fazê-lo, sobre o pijama
ouvi-te saudar os pássaros
vi-te cheirar as laranjas que para mim colhias
pedi ajuda à chuva
e sorri
entre os nossos lençóis
senti o aroma do café
não ouvi o teu espirro
sorrio
entre os nossos lençóis
não foi com ele que me acordaste
ah!
eu gosto do café com um pingo de leite e com açúcar... depois do sumo de duas laranjas, lavadas pela chuva.


um beijo grande, franciso
6 de junho de 2009 às 13:11
Borboleta disse…
conheço muito bem estas palavras e por vezes ainda as saboreio....

inesquecivel francisco.
19 de março de 2010 às 23:35
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